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CONSTRUÇÃO EM ADOBE (BANHEIROS ECOLÓGICOS)

O Superadobe é uma técnica inovadora de bioconstrução que utiliza tubos ou sacos longos de tecido, preenchidos com terra compactada em camadas, para formar estruturas de compressão robustas e duráveis. A principal matéria-prima utilizada é a terra úmida, o que torna o processo de construção simples e acessível. Esta tecnologia é particularmente vantajosa para a construção de banheiros em áreas de difícil acesso e isoladas, proporcionando uma solução econômica para o saneamento básico.

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Pesca Artesanal

PROBLEMA SOLUCIONADO

Poucas comunidades tradicionais no Brasil possuem acesso universalizado a banheiros ou saneamento básico adequado. A situação é especialmente crítica nas aldeias indígenas, onde a ausência de infraestrutura de saneamento básico é uma realidade predominante. Esta carência foi identificada pelas comunidades do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) como uma das principais vulnerabilidades que precisam ser estrategicamente abordadas. A implementação de soluções de saneamento básico é essencial não apenas para promover a saúde e a qualidade de vida, mas também para garantir a permanência e a sustentabilidade das comunidades tradicionais em seus territórios.

SOLUÇÃO ADOTADA

O projeto de saneamento ecológico realizado na Praia do Sono, em Paraty, implementou um modelo de banheiro construído com a técnica de superadobe, integrado a um sistema de saneamento ecológico por evapotranspiração. Esta tecnologia é acessível e econômica, podendo ser construída por meio de mutirões, o que capacita a população tradicional a reproduzir a tecnologia de forma autônoma.
O projeto inicial foi concebido com base na ecologia de saberes, por uma equipe composta por técnicos da Fiocruz, Funasa e membros do Fórum de Comunidades Tradicionais. O desenvolvimento do projeto resultou da interação entre a engenharia de saneamento e a permacultura, permitindo uma associação positiva entre teoria e práticas científicas e tradicionais. Este processo contemplou as percepções dos comunitários envolvidos e a visão dos técnicos, com foco na autonomia da população local. A capacitação e o envolvimento de todos os atores locais foram fundamentais para disseminar uma tecnologia replicável.
O superadobe é uma das técnicas de construção mais simples, pois não requer mão-de-obra especializada, tornando-se uma excelente opção para comunidades com dificuldades de acesso e recursos limitados. A construção utiliza sacos de polipropileno preenchidos com terra umedecida e compactada, que são sobrepostos verticalmente para moldar as paredes e a cobertura. Uma característica distintiva do superadobe é o desenho sinuoso de suas paredes, permitindo projetos personalizados para cada construção.
O banheiro construído possui paredes de superadobe, piso de cimento queimado, portas de madeira e cobertura impermeabilizada. Ele é conectado a um sistema de evapotranspiração, um método de saneamento ecológico eficiente. A construção do banheiro promoveu uma maior interação familiar e colaboração ao longo de todo o processo. Todo o material para o telhado do banheiro foi fornecido pela própria família, que acompanhou de perto o processo construtivo.
A bioconstrução com superadobe foi incorporada às demais formas construtivas aplicadas no território, sendo utilizada para a construção de instalações sanitárias, assentamento de tubos e até mesmo para a construção de bancos de bar. Esta integração da técnica se deu a partir da "práxis", uma prática pautada na reflexão e na troca de saberes.

RESULTADO ALCANÇADO

A construção de banheiros ecológicos utilizando a técnica de superadobe tem se mostrado uma prática socialmente relevante, eficiente e econômica. Esta abordagem não apenas oferece soluções viáveis para os desafios de habitação e saneamento, mas também contribui significativamente para a construção da cidadania. Através do sistema de mutirão, promove-se a integração dos membros da comunidade que irão compartilhar o espaço construído, incentivando o trabalho coletivo e fortalecendo os laços comunitários.
Essas técnicas de construção induzem ao trabalho colaborativo, estimulando a autoestima da comunidade envolvida. Ao participar ativamente do processo de construção, os moradores desenvolvem um senso de pertencimento e responsabilidade pelo espaço, o que consolida a identidade local. Além disso, a utilização de materiais acessíveis e métodos simples torna a tecnologia replicável, permitindo que outras comunidades adotem práticas semelhantes para melhorar suas condições de vida.

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